Você já reparou que a nossa vida é feita de sinais?
Seria capaz de contar quantos sinais você emite num só dia?
Da cabeça aos pés, o corpo está sempre sinalizando alguma coisa.
O rosto sinaliza, os olhos sinalizam, a boca sinaliza, a cabeça sinaliza, tudo em nós sinaliza.
É impossível viver sem sinais.
Comunicação é vida!
Quem não se comunica... é porque está morto!
Observe um defunto: silêncio, nada se mexe, tudo parado...
A ausência de sinais é o único “sinal” que ele transmite: a vida acabou.
É a morte!
Os nossos sinais são sinais de vida humana (os animais têm os seus, os vegetais também, até os minerais os têm).
Ora, a vida “divina” também precisa de sinais.
Estranho?
Não, pois Deus quis que a sua salvação (que é divina) pudesse ser “vista, ouvida, tocada, sentida, conhecida” por nós, que somos humanos.
Este é o sentido de o Filho de Deus ter-se tornado ser humano.
Tudo o que Ele fez por nós “divinamente” foi revestido de sinais humanos para que nós pudéssemos perceber e compreender a salvação; do contrário, como poderíamos saber?
Toda esta conversa é fundamental para que você compreenda o que são os sacramentos.
Os sacramentos, o que são, para que servem, como se recebem?
É por meio deles que Jesus nos santifica e salva.
Acha que é pouco?
E para começar, não esqueça: os sacramentos são feitos de sinais por meio dos quais chega até nós a salvação.
Antes de tudo, você precisa compreender o plano de Deus para nos salvar.
Ele pode ser resumido assim: Deus, Pai de bondade e misericórdia, enviou ao mundo seu Filho.
Jesus que, em tudo, foi igual a nós, menos no pecado, deu sua vida por nós na cruz, ressuscitou, comunicou o Espírito Santo a seus discípulos/as no Pentecostes.
A Igreja, obedecendo à ordem de Cristo de evangelizar o mundo, levou (e continua a levar) adiante, na força do Espírito, o plano de salvação do nosso Pai.
Jesus, por sua vez, prometeu ficar conosco até o fim dos tempos.
Você pode estranhar e perguntar: por que foi assim?
Não poderia ter sido diferente?
Deus não podia ter-nos salvo sem que o Filho se fizesse Homem e, mais ainda, sem que Ele tivesse que enfrentar a morte dolorosa na cruz?
Sem dúvida.
Entretanto, o Pai julgou mais oportuno que fosse assim.
Foi vontade sua que, da mesma forma que o ser humano, feito de carne, pecou, também a salvação chegasse a nós por meio da carne humana.
Sim, foi por meio da humanidade (corpo e alma) de Jesus que o mundo foi salvo e é por meio dela que a salvação continua a chegar até nós.
Se é verdade que, na ressurreição, Jesus se tornou invisível, hoje Ele se torna visível e age por meio de sua Igreja, particularmente de seus sacramentos.
A palavra “sacramento” vem de sacro ou sagrado, e significa ação ou celebração sagrada.
Do ponto de vista visível, essas ações sagradas se compõem de sinais, isto é, de palavras, gestos, coisas e pessoas (ministros).
Do ponto de vista invisível, elas produzem efeitos espirituais de santificação e salvação (graça) operados por Jesus em favor de quem delas participa.
Assim, todo sacramento é um encontro pessoal com Jesus Ressuscitado que age por meio da Igreja.
Evidentemente, isso só é possível para quem tem fé.
Sem fé, os sacramentos não têm sentido.
Espero que você ainda lembre quais são os sete sacramentos: batismo, crisma ou confirmação, eucaristia, penitência ou reconciliação, unção dos enfermos, ordem e
matrimônio.
São sete, nem mais nem menos, por que?
Creio que se pode dizer que são sete porque correspondem a sete situações fundamentais da vida humana: o nascimento, o crescimento, o alimento, os erros cometidos, a doença, o casamento e, na Igreja, a necessidade de ministros:
- ao nascimento corresponde o sacramento do batismo;
- ao crescimento, a crisma;
- ao alimento, a eucaristia;
- aos nossos erros, a reconciliação;
- às doenças, a unção dos enfermos;
- ao casamento e à família o matrimônio;
- ao ministério na Igreja, a ordem.
É bom saber também que os sacramentos podem ser distribuídos em três pequenos grupos:
- sacramentos da iniciação cristã (batismo, confirmação e eucaristia);
- sacramentos de cura (penitência e unção dos enfermos);
- sacramentos do serviço e da comunhão (matrimônio e ordem).
Além disso, alguns sacramentos imprimem caráter, ou seja, uma espécie de carimbo, de marca, que identifica a pessoa com Cristo.
O caráter permanece em nós também como disposição para recuperar a vida divina quando perdida pelo pecado; como garantia do amor fiel de Deus para conosco; como vocação ao culto divino e ao serviço da Igreja.
O caráter é indelével, isto é, nem o pecado o apaga.
São três os sacramentos que imprimem caráter: o batismo, a crisma e a ordem.
Por incrível que pareça, os sacramentos nos transmitem a salvação por meio de ritos muito simples.
O rito dos sacramentos é feito de sinais apropriados (foram citados acima) para significar aquela graça (dom) divina específica que cada um deles nos comunica.
Além das palavras apropriadas usadas pelo ministro em cada sacramento, os outros sinais são:
- no batismo, a água;
- na confirmação, a imposição das mãos e o óleo do crisma;
- na eucaristia, o pão e o vinho;
- na reconciliação, a confissão e o arrependimento dos pecados;
- na unção dos enfermos, o óleo dos enfermos;
- na ordem, a imposição das mãos;
- no matrimônio, o consentimento dos noivos.
O ministro de cada sacramento varia conforme o caso:
- para o batismo, o padre (em caso de urgência, qualquer pessoa, contanto que tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz quando batiza);
- para a crisma, o bispo (excepcionalmente ele pode delegar um padre);
- para a eucaristia, a reconciliação e a unção dos enfermos, o padre;
- para a ordem, só o bispo;
- para o matrimônio, os próprios noivos.
Do ministro se exige que realize com exatidão o rito prescrito pela Igreja e tenha a intenção de querer o que a Igreja quer quando administra tal sacramento; do contrário, já não se trata do que Cristo quis por meio dos sacramentos, e o sacramento é nulo.
Como é fácil perceber, os sacramentos não produzem todos o mesmo efeito; se assim fosse, bastaria um só sacramento.
Jesus providenciou um sacramento para cada uma das situações humanas mais decisivas, como vimos.
Cada sacramento produz uma graça própria que nos santifica naquela situação específica que estamos vivendo:
- pelo batismo, somos purificados do pecado original e nos tornamos filhos/as de Deus;
- pela crisma ou confirmação nos é comunicado de modo especial o Espírito Santo;
- pela eucaristia participamos do sacrifício de Jesus e recebemos seu Corpo e Sangue;
- pela penitência ou reconciliação são perdoados os nossos pecados;
- pela unção dos enfermos nos tornamos semelhantes ao Cristo sofredor e adquirimos forças para suportar a enfermidade;
- pelo matrimônio cria-se entre os esposos um vínculo perpétuo e exclusivo em função da comunhão familiar;
- pela ordem, o ordenado torna-se semelhante a Cristo profeta, sacerdote e pastor.
Como você vê, Jesus se põe ao nosso lado em cada situação da nossa vida a fim de nos ajudar a viver conforme Ele nos ensinou.
É dessa maneira, isto é, por meio dos sacramentos, que Ele continua a nos santificar e salvar.
Se você quiser receber com fruto os sacramentos, é preciso ter grande fé, do contrário perdem o sentido.
Os sacramentos nos inserem sempre mais na comunhão da Igreja e nos comprometem com sua missão.
Não podem ser só um meio de ir para o céu; já a partir deste mundo devem levar-nos a anunciar e construir o Reino de Deus.
Além disso, eles alimentam e fazem crescer em nós a vida divina, a fé, a esperança e a caridade.
Recebendo-os com a devida preparação, eles nos fazem viver como verdadeiros discípulos/as de Jesus, de acordo com seu Evangelho.
Receber os Sacramentos e depois não ser coerentes com eles é brincar com Deus. Deus sempre nos leva a sério; nós também precisamos levar a sério Deus e seus meios de salvação.
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Para conhecer melhor os sacramentos, cf. HILÁRIO MOSER, Os sacramentos: O que são? Para que servem? Como recebê-los?, Editora Salesiana, São Paulo, 2006.
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